Vivo embalado no pensamento
da saudade,
no Outono das estações,
das recordações passadas,
quanto vividas, quanto sentidas e
amadas.
Navego na brisa do mar onde
cresci,
das águas que à praia me
murmuravam, onde vivi;
na saudade das quentes tardes
e do pôr do sol que as águas
adormecia;
das frescas noites que aquele mar
embalava
numa carícia que a maresia dava!
Que saudade,
quanto se amava!
Vivo no pensamento da saudade
do crepitar alegre do meu povo
que a beleza da mocidade dessa
gente
sabe dar e nossos corações recebe
e sente.
Da azáfama da labuta pela vida;
da esperança não perdida, sempre
renascida.
Meu pensamento percorre as ruas
polidas pelo trabalho
e dos sorrisos gentis da cordialidade
e simpatia;
Dos campos trabalhados e
ceifados;
Dos canteiros e janelas floridas
ao sol primaveril
que abraçam e coloriam a natureza
da minha terra.
Mas hoje, em meu coração chove
a saudade do tempo que passa
e a nostalgia nele enlaça.
Vivo nas horas sentidas da
saudade,
nas badaladas que o relógio
adormece,
que o tempo esfria e a vida
estremece...
já não são quentes as noites que
as estrelas espreitavam
as serenatas que se entoavam às
janelas,
e aquele amor que quanto se ansiava,
o sorriso dava.
As desfolhadas que os abraços se
dava
entre corações em festa e lábios
com sorrisos.
Saudades tantas, dessas noites
quentes!
Agora, as estrelas embaciadas e
lentas,
já não correm como tanto se via...
como na mocidade tudo corria, se
vivia!...
Nas noites frias,
a saudade acontece
e o coração empobrece.
No vento da vida de então, vivi,
sonhei…
nele, meu ser correu e os sonhos
viveram.
Agora, o tempo é sereno, ameno,
e no aconchego da quietude, mora
esta saudade.
Esta saudade que cada vez mais
cresce,
que cada vez ao coração mais
pertence,
que cada vez
mais à minha alma vence.