sábado, 1 de outubro de 2016

SONHOS DE CRIANÇA


Tu que foste como também o fui,
criança feliz ou menos feliz,
quando os teus sonhos começavam a nascer,
e os teus desejos começavam a florescer
nesse teu mundo de infância,
tuas vivências eram onde a fantasia existia.
Hoje, são recordações do passado,
foram imaginações de menino:
todas se desvaneceram, se diluíram.
Foram castelos de areia que desmoronaram,
foram barquinhos de papel
que na água correram e naufragaram.

Sonhavas, imaginavas:
que os sorrisos nunca desapareciam dos rostos,
e o amor
permaneceria sempre nos corações das pessoas;
que a paz, era infinda,
e a fraternidade era fecunda, sempre floresceria.
Mas os teus sonhos, criança, correram como o vento
sem que os pudesses agarrar...
eles foram como nuvens que se diluem no espaço,
e as estrelas não brilharam nas tuas fantasias.

Crescei, que os caminhos da realidade vos surgirão,
e muitos outros sonhos virão
que quereis que sejam realizados.
Tudo virá no seu tempo:
Com as primaveras,
terás as tuas flores do amor
com as alegrias e felicidade da vida, que terás direito.
Com o calor da vida,
construírás as tuas realidades
alicerçadas na honra e na coragem,
onde, um dia, nos outonos,
depois de teres vivido as auroras que te floresceram
e percorrido as brumas do tempo passado,
recordarás os sonhos que por ti passaram
e que quantos então realizaste.

 Valdemar Muge

sábado, 24 de setembro de 2016

A AMIZADE


A verdadeira amizade
abraça e une os corações,
como os mares abraçam a Terra:
não tem idade,
não sabe qual o princípio,
nem quando é o fim…
é infinito que sempre devia existir.
Ela mora na criança ou no idoso,
vive da fraternidade e do amor:
como a luz vive para o dia
e a árvore para o ar;
faz parte da força da vida,
como a vida é força da Natureza.

 Valdemar Muge

sábado, 9 de julho de 2016

AS ROSAS DA SAUDADE

                       

             Partiste, e tuas rosas, sozinhas ficaram.
 Não mais brilho tiveram,
 não mais viçosa cor nelas se viram.
De rosas, em flores de saudades se tornaram,
em tristes pétalas se transformaram.

Sois flores de luto,
 sois tristeza que no vosso jardim habita;
Na solidão infinda, vos tornaram escuras;
vossa rosa cor,
 já cor não é… e o aroma foi até.
 Minhas lágrimas,
 são refúgio nas vossas pétalas,
que sequiosas,
delas se tornaram o único conforto.
 Essa saudade sentida que em vós consome a vida
 e que vos leva à agonia,
em meu coração, a mesma povoa…
tristeza esta
 que na minha alma trespassa dia-a-dia.
Minhas lágrimas em vós repousam…
delas,
sois regaço acolhedor desta triste separação
 que juntos temos e vivemos,
 no tempo que passa.
Minha alma, nostálgica,
 de quem já está no Além,
 dos meus olhos ungidos das lágrimas,
sai o pranto sobre as rosas,
que já nem cor têm,
 nesta tristeza que de meu peito vem.
                                                                                             
As lágrimas, que nas saudosas rosas repousam,
é  bálsamo de quanto tanto meu sentir…
agora, ó rosas, que já não tendes esse vosso ser,
ide,
 levai-lhe a minha também saudade,
de quem já não mais posso ter!
                                                                                                                                 
 Agora, que vossas rosas, para ti, já foram,
 ficarei a chorar sozinho,
 as lágrimas da pungente dor,
neste silente tempo da falta da tua meiguice,
ó mãe que para Além foi!
Mãe querida,
agora que és chama de amor,
és vida infinda, és luz bendita…
 aureolada com o encanto das rosas que tens,
 na saudade imensa que de mim conténs,
 anda comigo quando te peço,
 anda comigo no nosso amor perpétuo,
 anda comigo nos queridos pensamentos
quando te beijo,
e, com as nossas rosas,
abraçar-nos-emos num saudoso e querido abraço.
                                                   
 Valdemar Muge 


sábado, 18 de junho de 2016

A LÁGRIMA



Na lágrima da solidão,
cresceu a flor do amor,
quando te vi pela primeira vez;
foi luz da esperança que começou a brilhar;
foi alegre sentir que nasceu em meu coração.

Seria visão, essa tua aparição?
- pois não mais te encontrei, seria talvez ilusão…
Procuro o amor, procuro o que sempre desejei.
Agora, em mim, ficou o sentir da saudade;
ficou o ensejo de que sempre te amei.
Com ela fiquei, mas sempre a regarei!

Oh, quando de novo, enfim, nos encontrámos!:
A minha flor da saudade, se desfolhou nas tuas
amargas lágrimas que deixavas no teu caminhar…
 com o sentir da esperança da felicidade futura,
minha e tua,
a flor do amor voltou,
com essa ficamos, e teu coração florido ficou…

Agora, essas flores, tuas e minhas,
que em nossos corações crescem,
são regadas com o orvalho da felicidade e da alegria,
momentos ansiosos que desejávamos e criamos.

O amor,
sempre fará transformar as lágrimas
em doce alegria e felicidade.

O amor faz nascer as auroras de luz e de paz!

Valdemar Muge

sábado, 11 de junho de 2016

O RAMO DE FLORES


Trouxeste-me essas flores,
como prova de carinho e afeto:
que lindas são, formosas como tu, amor!
Obrigado pelo teu sentir tão belo em flor.

Repara minha querida, nessas flores que trazes,
por mais cuidado que fazes,
elas trazem as lágrimas da saudade,
a dor da despedida da sua vida,
nas pétalas que foram cortadas.
Não mais serão viçosas, mimosas,
porque lhe cortaste a seiva da raiz:
Decepaste-lhes o sentir de ser,
era vida que elas sempre queriam
 no seu florir de beleza que viviam…
e não dor, que do seu sentir agora te mostram.
Era vida, beleza, que te queriam dar,
e não lágrimas sentidas que se derramam ao teu olhar!

Quiseras tu dar carinhos e afetos,
esses, nas flores que trazes,
 depressa são efémeros…
pois em ti, e só em ti, pelo que vi e senti,
tens a doçura no olhar, o sorriso nas faces,
a candura no coração!
Esses, sim! Como preciosos são!
Que mais poderia eu receber,
que tudo do que para além do que tens,
jamais é tão precioso e se possa dar?

Em nós, cultivemos as flores do amor e da paz,
porque essas, serão as mais preciosas e belas,
sentimentos que na vida se faz!


Valdemar Muge

sábado, 4 de junho de 2016

AS TUAS MÃOS


Ditosas as mãos que honram o trabalho, a arte,
a realização da harmonia entre os povos!
Ditosas sereis sempre vós, ó mãos queridas,
que acarinham, que aconchegam, que partilham!

Ditosas mãos que se erguem ao céu
em sinal de louvor, de oração, de paz!
São essas tuas mãos, que aí estais,
que possuem
o amor, o afeto, a dedicação
para a humilde criança;
para o amigo que a cada momento encontras;
para o idoso que te necessita e espera!

Ó mãos abençoadas por Deus!
Ele, nelas, te pôs a bênção
para espalhares a paz,
a harmonia, o amor!
Ó mãos afetuosas de pais, de casal, de filhos!:
Sois mãos de crer, de bendizer, de amor.
Mãos que também podem ter a flor da paz,
e a arma da guerra!

Ditosas mãos que faz nascer o grito da vida,
da música da alegria;
que faz cantar a poesia, o adeus da despedida!
Sublimes as mãos que acarinham a flor,
mas mais sublimes serão
as que acarinham os corações e a dor!
  
 Nas tuas mãos, que me ouvis,
abrem-se as flores da amizade.
Se nas minhas pudessem desfolhar o amor,
a paz, a alegria… então,
eu espargia por toda a parte,
esses encantos sem fim!

 Valdemar Muge

sábado, 28 de maio de 2016

SE PUDESSE ASSIM PARTILHAR



Se eu pudesse,
as lágrimas que se derramam do meigo olhar,
e deslizam nas macias
e molhadas faces da inocente criança,
transformá-las-ia!:

As da dor que do seu coração sai,
em sorrisos de felicidade seria;
as da angústia que da alma transborda,
em balsamos de conforto daria;
as do desespero pela fome
que nas bocas paira,
em lençóis de trigo moído estendia;
as das inocentes abandonadas
 pelas incompreensões,
daria as mãos protectoras queridas;
as lágrimas das órfãs pelas guerras
 e pelas desgraças,
daria um coração amigo,
um afago de conforto infindo,
todo meu ser para uma vida feliz!

Se eu pudesse assim fazer, então sim,
seria um ser imensamente feliz,
comungado na partilha do amor!
Pudesse eu,
todas as lágrimas que caem nos tristes rostos,
transforma-las em auroras de luz,

 alegria, e felicidade!

Valdemar Muge

sábado, 21 de maio de 2016

DEIXAI-ME NO MEU VIVER

                           
              

Deixai-me viver o dia que brilha, em meu coração;
deixai-me com a força do amor, no meu espírito!
Deixai-me cantar, amar, viver,
como quero continuar a assim ser!
Não me tirem este meu sentir,
destino este com que vim e, assim quero continuar a ser!

Oh, são as incompreensões, as maldades,
os ódios que nos dias que passam,
que pairam no tempo, que habitam em tantos corações,
que entristece meu ser,
que me roubam o meu feliz sentir que me faz viver;
são os claros dias, que se tornam nevoados, sombrios e tristes,
das nuvens poluídas dos maléficos tempos,
para não vos continuar a cantar
o sentir que sempre desejei e amei!

Deixai-me viver, deixai-me!
Deixai-me ter as rosas que desabrocham no jardim,
( mesmo as singelas, que seja, mas puras!);
o fruto que a natureza à vida oferece nos límpidos dias,
sem másculas impregnadas,
para vos cantar a alegria do viver!
Os dias onde existem as mortes criminosas e de terror;
as lutas impiodosas e maldosas;
as vinganças maléficas, onde paira as mãos sanguentadas,
que desapareçam de todo o ser!
Que não mais existam!
 Que habite em todos os povos, este querer!
                                            Oh, se assim fosse, como seria belo o viver!
                                                                                                                                                   
                                          Deixai-me vir os dias da cristalina água das fontes,
sem o sangue derramado das desgraças;
o marejar do mar a acarinhar a meus pés,
sem as lágrimas dilaceradas!
Deixai-me respirar o cheiro da terra molhada
do suor do trabalho,
e a resina das árvores que ao céu se erguem
em louvor à natureza!
Deixai rebentar a videira,
para beber a alegria de viver
e cantar todo esse sentir!
Deixai-me ouvir a música da alegria,
onde as águas cantam
e os pássaros acompanham;
onde a brisa embala a melodia da poesia,
e a luz dá cor e faz florir o espírito;
onde nas pedras, pode nascer as singelas flores
e da terra lavrada,  o trigo da vida;
onde a paz habita e a felicidade resplandece!

Não quero ver os arbustos impregnados
com a pungente dor da destruição e maldade,
nos silêncios que habitam disfarçados,
que nos cantos da morte
se escondem nas tristes ruas!...
Mas quero os límpidos dias da reconciliação
e as cristalinas estrelas da noite
a iluminarem os corações humanos! 
Dai-me as vossas mãos,
e com os sorrisos da alegria
e as lágrimas enxutas, dancemos
e cantemos a partilha do amor e da paz entre todos!
Inventemos a música,
deixemo-la transparecer dos corações
e cantemos à vida,
meus queridos amigos! Cantemos!

Não posso viver neste tempo triste,
onde a dor envolve o espírito
e a beleza é golhetinada pela violência;
onde a voz é amordaçada pelo cárcere!
Oh tempo de instintos maléficos,
não quero beber nessa taça
que é servida por tantos!
mas sim, na inocente taça da ternura, do afeto, da amizade!

O aroma das flores se espalhe pela terra,
e o brilho das estrelas,
envolva os corpos renovenescidos!
Que o incêndio da minha voz,
se espalhe nos ecos do tempo,
e só se apague,
com as águas das fontes da felicidade e do amor!
Do ventre da vida,
sempre nasça o fruto da paz, da harmonia!

Se assim não for, morrerei!
Morrerei sim!
Morrerei com a angústia
e o desespero cravado em meu coração!
Mas sim, queria morrer com a paz universal,
entre todos os povos!  


Valdemar Muge

sábado, 7 de maio de 2016

UM MARCO DE FÉ


Eis um símbolo da fé dum povo; 
eis um marco que a fé ergueu:
o templo que resiste às águas
porque a pedra diz que é seu,
e não as ondas que o deu!

Das brancas areias,
lavadas pelas águas do mar,
ergue-se da pedra,
a imagem que se venera;
a que perpétua o facto;
que simboliza o acontecimento;
que revive a fé dum povo, em Cristo seu protector.

Da rocha, ergue-se o templo que as águas enfrenta
como valoroso de que a fé será maior que a força!
As águas enfrenta e a elas sempre tem vencido:
por elas não quer ser levado,
por o povo, quer continuar a ser erguido!

Esteja rodeado das brancas areias
ou das salgadas águas que lhe quer abraçar,
(talvez, também o queira consigo levar,)
sempre se erguerá ao céu;
à luz da fé que o acolhe;
ao sentir nos corações,
de que existe um protetor
para a alegria da vida e da dor!


Valdemar Muge