quinta-feira, 18 de outubro de 2012

RESIGNAÇÃO



                                                                       Dedicado a B.            
        -Onde estou? Onde estou?!
Ó luz que me falta,
ó escura vida que se levanta.

Triste existência que te envolve
no coração, na alma, se expande e consome...
Hoje, recordações, na tua vida se aflora
e no teu jardim, guardas as belas flores.
Ó mocidade de sonhos e amores,
alegrias e desilusões.
Branca flor que és,
sempre a serás e dentro de ti sempre a terás.
Hoje, outras já não vês,
mas daquelas que guardas, o suave aroma
transmitirás sempre aos outros corações!
Elas sejam a esperança, o amor, a paz
e flor sempre serás!
Tenhas a Luz na caminhada ainda a percorrer
na estrada da tua vida enquanto viver;
o teu amor que ainda possas difundir
aos que estão à tua volta
e a serena paz para o teu espírito,
para suportares a tua cruz.

“Onde estou!”

Esse teu pranto que te envolve,
tenha a resposta dos corações
a ti irmanados na amizade, na afeição
e no carinho que te dedicam.
                                                                  2008
Valdemar Muge

terça-feira, 2 de outubro de 2012

LAVRADEIRAS



Lavradeiras que desta terra me escutais:
O suor que vos cai, é símbolo da vida que levais
da  dura  terra  onde viveis,  mas quanto a amais!
Tu, ó jovem alegre, tantas esperanças anseias,
cantas,  ri,  como  a  vida  te  sorri...
é mocidade  que  se  confunde  com  a  natureza,
quadro  desta  terra, de quanta  beleza!
Além,  te  vejo  mulher  cansada,
a  não  menos  querida  lavradeira:
a  idosa,  curvada, são marcas  que  a  vida  te  deu
da  dura  labuta,  desígnio  teu...
(não quer deixar  abandonada  aquela terra  que  ama,
terra que dela se honra, briosa, que sempre a si clama!)

Foi  nesta  terra  que  tua  vida  passaste,
nela enfim,  tuas  rugas  apanhaste
e  teus  brancos  cabelos  te  envolveram;
é  essa  terra  que  sempre  te  abraçará,
e o aroma do amargo suor, sempre te envolverá!
São  essas  espigas,  fruto  do  teu  labor,
são o  fruto da tua terra, do  teu  amor.
Fatigada  vais, 
destes  campos  que são  teus;
neles, cansaste o  teu  coração,
quantas vezes, sozinha, com  tua oração!
Pensativa, 
teu  destino  segues  e  recordas,
quanta  juventude  que  à  tua  volta  tinhas,
hoje,  quase  só,  saudosa,  és  recordada
como  a  lavradeira  desta  terra,  já  curvada,
mas  sempre uma  mulher  por todos  amada!

Valdemar Muge