terça-feira, 2 de outubro de 2012

LAVRADEIRAS



Lavradeiras que desta terra me escutais:
O suor que vos cai, é símbolo da vida que levais
da  dura  terra  onde viveis,  mas quanto a amais!
Tu, ó jovem alegre, tantas esperanças anseias,
cantas,  ri,  como  a  vida  te  sorri...
é mocidade  que  se  confunde  com  a  natureza,
quadro  desta  terra, de quanta  beleza!
Além,  te  vejo  mulher  cansada,
a  não  menos  querida  lavradeira:
a  idosa,  curvada, são marcas  que  a  vida  te  deu
da  dura  labuta,  desígnio  teu...
(não quer deixar  abandonada  aquela terra  que  ama,
terra que dela se honra, briosa, que sempre a si clama!)

Foi  nesta  terra  que  tua  vida  passaste,
nela enfim,  tuas  rugas  apanhaste
e  teus  brancos  cabelos  te  envolveram;
é  essa  terra  que  sempre  te  abraçará,
e o aroma do amargo suor, sempre te envolverá!
São  essas  espigas,  fruto  do  teu  labor,
são o  fruto da tua terra, do  teu  amor.
Fatigada  vais, 
destes  campos  que são  teus;
neles, cansaste o  teu  coração,
quantas vezes, sozinha, com  tua oração!
Pensativa, 
teu  destino  segues  e  recordas,
quanta  juventude  que  à  tua  volta  tinhas,
hoje,  quase  só,  saudosa,  és  recordada
como  a  lavradeira  desta  terra,  já  curvada,
mas  sempre uma  mulher  por todos  amada!

Valdemar Muge

Sem comentários:

Enviar um comentário