Lavradeiras que desta terra me escutais:
O suor que vos cai, é símbolo
da vida que levais
da dura terra onde viveis,
mas quanto a amais!
Tu, ó jovem alegre, tantas
esperanças anseias,
cantas, ri,
como a vida
te sorri...
é mocidade que
se confunde com a natureza,
quadro desta
terra, de quanta beleza!
Além, te
vejo mulher cansada,
a não
menos querida lavradeira:
a idosa,
curvada, são marcas que a
vida te deu
da dura labuta,
desígnio teu...
(não quer deixar abandonada
aquela terra que ama,
terra que dela se honra,
briosa, que sempre a si clama!)
Foi nesta
terra que tua
vida passaste,
nela enfim, tuas
rugas apanhaste
e teus
brancos cabelos te
envolveram;
é essa
terra que sempre
te abraçará,
e o aroma do amargo suor,
sempre te envolverá!
São essas
espigas, fruto do teu labor,
são o fruto da tua terra, do teu
amor.
Fatigada vais,
destes campos
que são teus;
neles, cansaste o teu
coração,
quantas vezes, sozinha, com tua oração!
Pensativa,
teu destino
segues e recordas,
quanta juventude
que à tua
volta tinhas,
hoje, quase
só, saudosa, és
recordada
como a
lavradeira desta terra,
já curvada,
mas sempre uma
mulher por todos amada!
Valdemar Muge
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