sábado, 6 de setembro de 2014

NAS RUAS QUE PERCORRIAS


Na rua por onde percorrias
nos fadigados dias que passam,
 com tua airosidade juvenil,  nela largavas
quanta alegria,
quanta graciosidade no ar deixavas.
Elas ficavam mais floridas,
ficavam com quanta suavidade e cor:
era teu perfume de flor que também o eras;
teu natural encanto, do teu suave odor.
Seus olhos, deixavam cair no olhar
o encanto da graciosidade;
sua boca, o silencio da tranquilidade
e os sons da feliz mocidade;
do seu corpo,
a beleza se espalhava na aragem que passava
e a todos envolvia, afagando.

Ó flores de encanto meu, que já não vos vejo!
Das tuas ruas de encanto seu,
as flores de então, já a vida viveu:
saudosas talvez, daquelas que por lá viveu.
Ó fontes que também por elas choraste,
 vossas lágrimas correram no leito da saudade
 desses dias alegres passados e de felicidade.

Hoje respiro na aragem que passa
com as saudosas recordações que ainda me enlaça,
desse encanto das flores  da minha terra
 que nas ruas percorriam e que à luz do dia a todos sorriam
e aos corações faziam amar.
Hoje nas fadigadas ruas por onde passo,
outras airosidades outros corações abraça.
Das antigas flores de encanto meu,
daquelas de graciosidade infinda que os corações abraçava,
resta-me a saudade que fica do que já passou…
nas actuais, é futuro que no tempo ficou.

Valdemar Muge

quarta-feira, 19 de março de 2014

SAÚDADE


Vivo embalado no pensamento da saudade,
no Outono das estações,
das recordações passadas,
quanto vividas, quanto sentidas e amadas.

Navego na brisa do mar onde cresci,
das águas que à praia me murmuravam, onde vivi;
na saudade das quentes tardes
e do pôr do sol que as águas adormecia;
das frescas noites que aquele mar embalava
numa carícia que a maresia dava!
Que saudade,
quanto se amava!

Vivo no pensamento da saudade
do crepitar alegre do meu povo
que a beleza da mocidade dessa gente
sabe dar e nossos corações recebe e sente.
Da azáfama da labuta pela vida;
da esperança não perdida, sempre renascida.

Meu pensamento percorre as ruas polidas pelo trabalho
e dos sorrisos gentis da cordialidade e simpatia;
Dos campos trabalhados e ceifados;
Dos canteiros e janelas floridas ao sol primaveril
que abraçam e coloriam a natureza da minha terra.
Mas hoje, em meu coração chove
a saudade do tempo que passa
e a nostalgia nele enlaça.

Vivo nas horas sentidas da saudade,
nas badaladas que o relógio adormece,
que o tempo esfria e a vida estremece...
já não são quentes as noites que as estrelas espreitavam
as serenatas que se entoavam às janelas,
e aquele amor que quanto se ansiava, o sorriso dava.
As desfolhadas que os abraços se dava
entre corações em festa e lábios com sorrisos.
Saudades tantas, dessas noites quentes!
Agora, as estrelas embaciadas e lentas,
já não correm como tanto se via...
como na mocidade tudo corria, se vivia!...
Nas noites frias,
a saudade acontece
e o coração empobrece.

No vento da vida de então, vivi, sonhei…
nele, meu ser correu e os sonhos viveram.
Agora, o tempo é sereno, ameno,
e no aconchego da quietude, mora esta saudade.
Esta saudade que cada vez mais cresce,
que cada vez ao coração mais pertence,
que cada vez
mais à minha alma vence.

 Valdemar Muge