O POETA SONHADOR
Quanto ele caminhou naquelas ruas que sempre foram
suas. Como gosta de dizer que são dele, (por isso as abraça), que as conhece
como ninguém, que as ama. Nelas cresceu, nelas viveu.
Embalado na nuvem dos sonhos,
navega com o vento, dorme com as estrelas, e vive com a natureza envolto no
manto de luz.
Sonhou que todos os corações das
pessoas se deviam amar; que sempre resplandecesse o sorriso nos olhos e fosse
partilhado, porque assim, encontrariam a felicidade que lhes era devida.
Sonhou que todos os seres deviam
encontrar nos caminhos da esperança: a concórdia, a liberdade; que as guerras
não mais existissem e a paz reinasse em todo o planeta. Que a miséria fosse
banida e florescesse a confraternização.
Ele caminhou no tempo do
silêncio, sequioso dos sentidos então sonhados mas nem todos realizados.
Caminhou com a luz que ilumina a
esperança das realizações, aquela que não lhe foi furtiva, a fiel, a dedicada.
Sonhou com a promessa dos deuses:
que a alegria da felicidade e o abraço do amor, há de habitar em toda a terra.
Ele caminhou no tempo do
silêncio, com o murmúrio dos seus rios e a aragem do seu mar que lhe vai
confortando os sentidos; mistura-se com a natureza e banha-se no pôr-do-sol no
mar da sua terra e, sempre espera pela nova aurora da reconciliação e da paz.
Ele sonhou e tentou encontrar as realidades, (talvez
todos os poetas assim o sejam), porque eles vivem das palavras sentidas, do
amor nos corações e da felicidade nos olhos, dos sentidos da vida partilhados e
da alegria da Concórdia entre os povos.
São os semeadores de sonhos, os arautos da beleza, os
amantes do amor.
Eles fazem nascer rosas nas pedras da calçada da
concórdia: as da esperança da alegria e da felicidade.
Fazem brilhar
a luz nos escuros e dolorosos corações, guardadores das lágrimas derramadas.
Nas ruas por onde caminha, partilhou a primavera
florida donde veio e a natureza sua querida com as suas palavras sem
fronteiras, que consigo trouxe.
Agora, no tempo percorrido, com o peso das memórias e
os cabelos nevados, carrega as pétalas do Outono que as vai guardando no seu
silêncio de paz encontrada que um dia sonhou, que os corações de hoje e sempre,
sempre devem ter.
Valdemar Muge