sábado, 27 de abril de 2019

O POETA SONHADOR



O POETA SONHADOR


Quanto ele caminhou naquelas ruas que sempre foram suas. Como gosta de dizer que são dele, (por isso as abraça), que as conhece como ninguém, que as ama. Nelas cresceu, nelas viveu.

Embalado na nuvem dos sonhos, navega com o vento, dorme com as estrelas, e vive com a natureza envolto no manto de luz.
Sonhou que todos os corações das pessoas se deviam amar; que sempre resplandecesse o sorriso nos olhos e fosse partilhado, porque assim, encontrariam a felicidade que lhes era devida.
Sonhou que todos os seres deviam encontrar nos caminhos da esperança: a concórdia, a liberdade; que as guerras não mais existissem e a paz reinasse em todo o planeta. Que a miséria fosse banida e florescesse a confraternização.
Ele caminhou no tempo do silêncio, sequioso dos sentidos então sonhados mas nem todos realizados.
Caminhou com a luz que ilumina a esperança das realizações, aquela que não lhe foi furtiva, a fiel, a dedicada.
Sonhou com a promessa dos deuses: que a alegria da felicidade e o abraço do amor, há de habitar em toda a terra.
Ele caminhou no tempo do silêncio, com o murmúrio dos seus rios e a aragem do seu mar que lhe vai confortando os sentidos; mistura-se com a natureza e banha-se no pôr-do-sol no mar da sua terra e, sempre espera pela nova aurora da reconciliação e da paz.

Ele sonhou e tentou encontrar as realidades, (talvez todos os poetas assim o sejam), porque eles vivem das palavras sentidas, do amor nos corações e da felicidade nos olhos, dos sentidos da vida partilhados e da alegria da Concórdia entre os povos.
São os semeadores de sonhos, os arautos da beleza, os amantes do amor.
Eles fazem nascer rosas nas pedras da calçada da concórdia: as da esperança da alegria e da felicidade.
Fazem  brilhar a luz nos escuros e dolorosos corações, guardadores das lágrimas derramadas. 
Nas ruas por onde caminha, partilhou a primavera florida donde veio e a natureza sua querida com as suas palavras sem fronteiras, que consigo trouxe.
Agora, no tempo percorrido, com o peso das memórias e os cabelos nevados, carrega as pétalas do Outono que as vai guardando no seu silêncio de paz encontrada que um dia sonhou, que os corações de hoje e sempre, sempre devem ter.
Valdemar Muge

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