sábado, 14 de setembro de 2024

HABITAMOS O TEMPO DAS PALAVRAS


 

HABITÁMOS O TEMPO DAS PALAVRAS


 Habitámos o tempo em que as palavras tinham música:

Eram hinos de amor que nos embalavam.

O cântico das aves, esse encanto da natureza,

era sentir que nos extasiava:

tempo feliz que tudo era cheio de liberdade, amando,

vendo horizontes para o futuro, desejando-os.

Os sonhos desejados nasciam de dentro de nós;

no céu, víamos mais estrelas que nos iluminavam,

e cada manhã nos era mais brilhante, mais nossas amante;

era o brilho do amanhecer que nos fortalecia em cada dia,

para eternizar as nossas vidas, as nossas memórias..

 

Hoje, queria a ter esses encontros com a música,

essa liberdade, essa esperança do futuro, para ti.

Quero trazer as rosas orvalhadas, às tuas mãos cansadas;

trazer os sorrisos de esperança, ao teu coração dorido.

Das minhas mãos, dar-te o afago que podes sentir de mim,

para recordares e ter esse tempo de vida, sem fim,

esse tempo que passou, mas dentro de nós se eternizou.

 

A vida, quanta saudade tem

desse tempo alegre, feliz, que já não vem..

esse tempo que parecia ser eterno,

memórias sentidas que o coração contém.

Peço a Deus saúde

para receberes o carinho que te queremos dar,

receberes as rosas que sempre quiseste ter,

e todos que tens á tua volta, teus amigos, poderes amar.


Aqui ...

é o tempo habitado de vidas sofridas,

o tempo do cansaço da vida, o que dói,

a vivência de vidas dedicadas, isoladas, voluntárias tidas...

permanecem presentes àquela que ativa foi na vida.

 

Lá fora ...

as manhãs continuam a renascerem com as melodias da natureza,

mas as rosas, essas, vão vivendo com a saudade de ti;

as vidas continuam no caminho da vivência, da sobrevivência,

vão percorrendo esse tempo sem fim,

porque também eu não quero que a música cesse,

quero que contínuas a tê-la,

com ela viveres, com ela sonhares,

ouvindo-a, essa que prece parece, a amares.

e com as rosas a continuarem a florir para ti.

 

E com a saudade tida, de olhar lacrimoso,

sentada, vais ouvindo a melodia da vida, te segredando;

ver a alegria da liberdade passando, 

essa saudosa vivência que te vem..

e sentindo a doce beleza das rosas que te vêm acarinhando.

Lá fora, haverá sempre novas vidas, novas chegadas,

novas primaveras, novas esperanças,

e assim tudo continuará sem ti, nessa tua saudade contida,

enfim.

 

Valdemar Muge

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