HABITÁMOS O TEMPO DAS PALAVRAS
Habitámos o tempo em que as palavras tinham música:
Eram hinos de amor que nos embalavam.
O cântico das aves, esse encanto da natureza,
era sentir que nos extasiava:
tempo feliz que tudo era cheio de liberdade, amando,
vendo horizontes para o futuro, desejando-os.
Os sonhos desejados nasciam de dentro de nós;
no céu, víamos mais estrelas que nos iluminavam,
e cada manhã nos era mais brilhante, mais nossas amante;
era o brilho do amanhecer que nos fortalecia em cada dia,
para eternizar as nossas vidas, as nossas memórias..
Hoje, queria a ter esses encontros com a música,
essa liberdade, essa esperança do futuro, para ti.
Quero trazer as rosas orvalhadas, às tuas mãos cansadas;
trazer os sorrisos de esperança, ao teu coração dorido.
Das minhas mãos, dar-te o afago que podes sentir de mim,
para recordares e ter esse tempo de vida, sem fim,
esse tempo que passou, mas dentro de nós se eternizou.
A vida, quanta saudade tem
desse tempo alegre, feliz, que já não vem..
esse tempo que parecia ser eterno,
memórias sentidas que o coração contém.
Peço a Deus saúde
para receberes o carinho que te queremos dar,
receberes as rosas que sempre quiseste ter,
e todos que tens á tua volta, teus amigos, poderes amar.
Aqui ...
é o tempo habitado de vidas sofridas,
o tempo do cansaço da vida, o que dói,
a vivência de vidas dedicadas, isoladas, voluntárias tidas...
permanecem presentes àquela que ativa foi na vida.
Lá fora ...
as manhãs continuam a renascerem com as melodias da natureza,
mas as rosas, essas, vão vivendo com a saudade de ti;
as vidas continuam no caminho da vivência, da sobrevivência,
vão percorrendo esse tempo sem fim,
porque também eu não quero que a música cesse,
quero que contínuas a tê-la,
com ela viveres, com ela sonhares,
ouvindo-a, essa que prece parece, a amares.
e com as rosas a continuarem a florir para ti.
E com a saudade tida, de olhar lacrimoso,
sentada, vais ouvindo a melodia da vida, te segredando;
ver a alegria da liberdade passando,
essa saudosa vivência que te vem..
e sentindo a doce beleza das rosas que te vêm acarinhando.
Lá fora, haverá sempre novas vidas, novas chegadas,
novas primaveras, novas esperanças,
e assim tudo continuará sem ti, nessa tua saudade contida,
enfim.
Valdemar Muge
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