NOS CAMINHOS DO TEMPO
Como queria que minhas palavras percorressem o tempo,
voassem, voassem, e, pousassem nos vossos corações,
e, elas fossem resultado de vos sentirem mais felizes
em cada dia, em cada instante;
criassem sorrisos, amizades e fraternidades
nos seres tristes e desanimados.
Mas não creio... já não canto
e o sentir triste me é refúgio;
como poderão semearem alegrias de luz
e brilhos de felicidade,
se risos e cantos, é do tempo que já me passou...
esses, ficaram na juventude, que já não sou;
pois, se a pudesse encontrar,
trazia a alegria que lá ficou,
e deixava a saudade que me pousou..
desilusão esta, que não sei onde ficou.
Se não tivesse tido caminho agreste,
montanha íngreme, e, espinhos silvestres...
na procura de vales floridos, e sentidos queridos,
a existência teria outro sentir, outro permanecer.
O tempo nos ensina, nos mostra o caminho,
nos amadurece com paz e amor,
com dor e saudade, com esperanças e gratidão,
mas nunca completará a desejada satisfação...
Somos seres inconformados,
desejosos de querer ser mais perfeitos,
peregrinos de procura de maior felicidade.
Agora, é saber compreender o tempo,
e saber amar a paz que ele ainda nos traz.
No silêncio das memórias,
busco os encantos felizes vividos,
para preencher o vazio outonal
que o tempo me trouxe na bruma triste do vento.
E, neste silêncio, neste viver,
encontrarei o afago matinal
para percorrer o caminho,
á procura de novos tempos de luz.
Valdemar Muge

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