Vens-me falar ao coração...
Vem! Sempre ouço tua canção;
Vens desabafar tuas mágoas,
teus lamentos;
Vens deixar tuas lágrimas,
teus tormentos;
Vens segredar tuas saudades,
quão antigas, passadas, verdades.
Te as guardo,
te as escrevo.
Minhas mãos, são meio da tua
escrita,
meu coração, guarda fiel à tua
vista.
Deixas em minhas mãos, as húmidas
palavras;
deixas em meu coração, as
cansadas tristezas.
Sempre a meus pés se esvai
o fresco marejar que me dás;
Sempre, sempre ao meu olhar, vais
pela imensa luz que se põe
no declinado dia.
Quando contigo estou
e as tuas águas abraço,
mar também sou.NESTE MAR IMENSO que meu olhar avista,
pequeno ser sou, como grão de areia acariciado...
esta areia por mais macia que seja,
de ti afagada e beijada,
não te será mais querida
que meu ser te ouve e te fala.
Já não tenho mais coração que encha
tuas vozes que trazes nas tuas ondas...
mas eu, reclinado ao teu marejar,
ouço e guardo as quantas historias tidas, ó mar,
de vidas que por ti passaram,
vidas quantas que sofreram e amaram.
Que grande é o teu poder, ó solitário marejar:
és louco dominador ou terno afagador;
és caminho ao navegador que a outras terras quer chegar...
mas serás sempre para o que espera e deseja
às tuas águas a frescura sentir,
também carícia acolhedora como criança, seja.