sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PERGUNTO-TE



Tu poeta, como podes sentir no marejar do mar,
os desabafos e as carícias?

Como podes sentir as mensagens do vento,
da brisa e da aragem que passa?

Como podes sentir o canto das águas que correm,
do choro da chuva e a carícia da neve?

Como podes sentir a delícia do fresco arvoredo,
a poesia das flores e a vida da Natureza?
Como podes sentir o romantismo das Estrelas,
a força do Sol e o mistério do Universo?

Diríeis que pousas o coração em cada coisa!
Abraça-as em cada momento que as vês.
          
            Pudesse eu fazer o mesmo,
tamanha felicidade seria, amigo!
          
           Teus desejos se transformam dentro de ti,
nas realidades por ti construídas;
os anseios florescem aos teus olhos
            e esparsas à tua volta, os teus sentidos desejados.

Assim, és fabricante de sonhos
do que em ti passa,
sentes e dizes!
Tens as Estrelas que ilumina as tuas noites,
inebriando;
o Sol que abriga os teus dias reclinados
e a deleitada Terra, fonte inspiradora da vida...
no teu mundo criado, vivido....

Será esse o teu segredo
que guardas e sentes?
A flâmula que te acompanha
nesse teu ser que és e queres ser?

(Tens as saudades do que conseguiste ter,
só não tens aquela do que não conseguiste ser.)


       BEM SABES que o vento que passa,
não é mais do que aquilo que por ti abraça...
mas sabes que a suave aragem que te enlaça,
é o carpir do mar que te segreda;
a árvore que te rodeia,
o Sol que te aquece
ou as Estrelas que te ilumina,
sem ti, não podiam desabafar...

És mensageiro da Natureza que te abraça
que quantos não a sentem e alcança;
És voz do que por aquém fica
e eco a tantos que o sentir não chega;
És ser vivo que o vento leva e esvoaça
para todos ouvir e compreender.

Teus caminhos, são pétalas das flores deixadas
para cada alma que te ouve, querendo;
palavras florescidas e amadas,
por esta Terra que teu coração encerra!

(Vai, a tua voz, aqui a súmula deixou
e para mais além segue...
com outra canção que aqui não ficou!)


MUNDO ESTE que os sonhadores sentem,
que nele vivem e o entendem.

Foi teu coração que criaste o amor,
a tua felicidade e a dor.

Foram teus sentidos que deram cor
ao verde do mar
e ao azul do céu.

Foram tuas palavras que escreveram
a poesia da natureza,
toda ela beleza
que corre nesses ventos que a nós vieram.

Foram teus olhos que viram e deram
força ao sentir
do que por ti passa e enlaça.

São quantos sentidos que te vieram,
que latejam no teu viver
e teu coração espalha esse crer.

Sereis a semente do fruto do amor;
a luz da esperança e da serenidade;
as aguas refrescantes da angustiosa dor:
            o poeta sonhador da grandiosa bondade.

            
            ONDE ESTÃO AS VOZES
das alegrias espalhadas nos olhares abraçados?
Nos quentes sois
que as almas felizes cantavam
e nas iluminadas luas
que os corações embalados, ouvindo, adormeciam...

Onde estão?...

Onde estão as vozes
dos ventos que minha voz para longe levavam?
Das fontes que agora só lágrimas choram,
(são saudades que deslizam e que moram)
e deste mar que as nuvens sequiosas lhe beija
num namoro fugaz, mas que deseja...

Onde estão?...

Onde estão as vozes da felicidade?!
Porquê que só vejo flores tristes
e sangues nos charcos apodrecidos
do vício e da miséria impregnada?
Porquê que só vejo céus escuros
nos sem abrigos e nos mendigos padecidos!
Porquê?... Que só vejo as esperanças perdidas
dos desejosos duma vida renovada, querida...

Chorar, para quê?
                                                                                          
As lágrimas já não brotam
e os corações se cansaram;
A Natureza não se ouve, entristeceu...

Vós Poetas!
Construtores dos desejos nas terras iluminadas
e nos astros da concórdia, espalhados,
sejais os Arautos dos Tempos prometidos
e das felizes manhãs a desabrochar nos corações!
Então, clamem vossas vozes,                                          
dando voz à Natureza, porque ela ainda não morreu!

Juntos, sairemos dos desertos adormecidos
e dos charcos impregnados da incúria,
e vamos dar voz à Sobrevivência do amor!

Mataremos a sede a esta Terra ressequida
e as verdejantes realidades florescerão das esperanças!

As nuvens de cinzas então espalhadas,
se dissipem nos confins subterrâneos da destruição
e as Auroras renascidas,
tragam as vozes anunciadoras
da felicidade por todos desejada!


QUE VEDES, ó Madrugadas prometidas?
- Flores que desabrocham em céus azuis;
águas espelhadas das Ninfas cantadas;
pegadas nas brancas areias molhadas, quão amadas.

Que vejo eu, neste querer e ser?

Abraços que se desejam,
corações que ao Céu se erguem,
destinos felizes que a vida seguem.

 Promessas de amor, sempre queridas;
alegrias nos corações dos corpos cantados;
beleza irradiante, nascida aos olhos das almas solares.

Foram vós, ó poetas, que as sonharam!
Foram vós, que com as vozes, as deram!
Foram vós, com os corações nos ofereceram!

Eis os sonhadores de Sonhos!
Os construtores de alegrias!

Mas as Realidades vêm além, naquelas negras nuvens;
Estão naquela terra ressequida e abandonada;
Estão nas fábricas em ruína, decrépitas;
Está neste Mundo poluído e ensanguentado,
na Dor da miséria e no abandono humano.

(- Quantos vós vão sonhando,
            camuflando as realidades vividas!)


       DAS SINGELAS FLORES,
deixamos nos seres o pólen das carícias;
Nos corações que nos esperavam,
deixamos o fecundo amor florescido;
Nas almas que encontramos,
deixamos o espírito que transportamos.

As noites eram aconchego, abrigo
das ansiosas vozes desejadas...
Preludio de irmanada amizade,
semente cultivada para quanta felicidade!
Nos novos dias iluminados, eis o fruto colhido
nos olhares e abraços encontrados
de quantos desejos nocturnais.

Foi nuvem que correu,
nela seguimos,
vivemos,
amamos...
Foi nuvem que pousava,
fecundava
em cada coração,
desejosa união...

Foi água nascida que correu de quantos sonhos
iluminados por quantas Estrelas dessas noites...
Foi colheita de quantas flores de amizade
que floresceram, depois durante os dias...

Agora, percorremos a solidão
e o que vemos no chão,
são pegadas de saudade de quanta amizade!

(... só falta dar de beber à raiz,
            para que a Arvore renasça e floresça feliz!)



                                                    Valdemar Muge


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