Tu
poeta, como podes sentir no marejar do mar,
os desabafos e as carícias?
Como podes sentir as mensagens do
vento,
da brisa e da aragem que passa?
Como podes sentir o canto das
águas que correm,
do choro da chuva e a carícia da
neve?
Como podes sentir a delícia do
fresco arvoredo,
a poesia das flores e a vida da
Natureza?
Como podes sentir o romantismo
das Estrelas,
a força do Sol e o mistério do
Universo?
Diríeis que pousas o coração em
cada coisa!
Abraça-as em cada momento que as
vês.
Pudesse eu fazer o mesmo,
tamanha felicidade seria, amigo!
Teus desejos se transformam dentro
de ti,
nas realidades por ti
construídas;
os anseios florescem aos teus
olhos
e esparsas à tua volta, os teus sentidos desejados.
Assim, és fabricante de sonhos
do que em ti passa,
sentes e dizes!
Tens as Estrelas que ilumina as
tuas noites,
inebriando;
o Sol que abriga os teus dias
reclinados
e a deleitada Terra, fonte
inspiradora da vida...
no teu mundo criado, vivido....
Será esse o teu segredo
que guardas e sentes?
A flâmula que te acompanha
nesse teu ser que és e queres
ser?
(Tens as saudades do que
conseguiste ter,
só não tens aquela do que não
conseguiste ser.)
BEM SABES que o vento que passa,
não
é mais do que aquilo que por ti abraça...
mas
sabes que a suave aragem que te enlaça,
é
o carpir do mar que te segreda;
a
árvore que te rodeia,
o
Sol que te aquece
ou
as Estrelas que te ilumina,
sem
ti, não podiam desabafar...
És
mensageiro da Natureza que te abraça
que
quantos não a sentem e alcança;
És
voz do que por aquém fica
e
eco a tantos que o sentir não chega;
És
ser vivo que o vento leva e esvoaça
para
todos ouvir e compreender.
Teus
caminhos, são pétalas das flores deixadas
para
cada alma que te ouve, querendo;
palavras
florescidas e amadas,
por
esta Terra que teu coração encerra!
(Vai,
a tua voz, aqui a súmula deixou
e
para mais além segue...
com
outra canção que aqui não ficou!)
MUNDO ESTE que os sonhadores
sentem,
que nele vivem e o entendem.
Foi teu coração que criaste o
amor,
a tua felicidade e a dor.
Foram teus sentidos que deram cor
ao verde do mar
e ao azul do céu.
Foram tuas palavras que
escreveram
a poesia da natureza,
toda ela beleza
que corre nesses ventos que a nós
vieram.
Foram teus olhos que viram e
deram
força ao sentir
do que por ti passa e enlaça.
São quantos sentidos que te
vieram,
que latejam no teu viver
e teu coração espalha esse crer.
Sereis a semente do fruto do
amor;
a luz da esperança e da
serenidade;
as aguas refrescantes da
angustiosa dor:
o poeta sonhador da grandiosa bondade.
ONDE ESTÃO AS VOZES
das alegrias espalhadas nos
olhares abraçados?
Nos quentes sois
que as almas felizes cantavam
e nas iluminadas luas
que os corações embalados,
ouvindo, adormeciam...
Onde estão?...
Onde estão as vozes
dos ventos que minha voz para
longe levavam?
Das fontes que agora só lágrimas
choram,
(são saudades que deslizam e que
moram)
e deste mar que as nuvens
sequiosas lhe beija
num namoro fugaz, mas que
deseja...
Onde estão?...
Onde estão as vozes da
felicidade?!
Porquê que só vejo flores tristes
e sangues nos charcos apodrecidos
do vício e da miséria impregnada?
Porquê que só vejo céus escuros
nos sem abrigos e nos mendigos
padecidos!
Porquê?... Que só vejo as
esperanças perdidas
dos desejosos duma vida renovada,
querida...
Chorar, para quê?
As lágrimas já não brotam
e os corações se cansaram;
A Natureza não se ouve,
entristeceu...
Vós Poetas!
Construtores dos desejos nas
terras iluminadas
e nos astros da concórdia,
espalhados,
sejais os Arautos dos Tempos
prometidos
e das felizes manhãs a
desabrochar nos corações!
Então, clamem vossas vozes,
dando voz à Natureza, porque ela
ainda não morreu!
Juntos, sairemos dos desertos
adormecidos
e dos charcos impregnados da
incúria,
e vamos dar voz à Sobrevivência
do amor!
Mataremos a sede a esta Terra
ressequida
e as verdejantes realidades
florescerão das esperanças!
As nuvens de cinzas então
espalhadas,
se dissipem nos confins
subterrâneos da destruição
e as Auroras renascidas,
tragam as vozes anunciadoras
da felicidade por todos desejada!
QUE VEDES, ó Madrugadas
prometidas?
- Flores que desabrocham em céus azuis;
águas espelhadas das Ninfas
cantadas;
pegadas nas brancas areias
molhadas, quão amadas.
Que vejo eu, neste querer e ser?
Abraços que se desejam,
corações que ao Céu se erguem,
destinos felizes que a vida
seguem.
Promessas de amor, sempre queridas;
alegrias nos corações dos corpos
cantados;
beleza irradiante, nascida aos
olhos das almas solares.
Foram vós, ó poetas, que as
sonharam!
Foram vós, que com as vozes, as
deram!
Foram vós, com os corações nos
ofereceram!
Eis os sonhadores de Sonhos!
Os construtores de alegrias!
Mas as Realidades vêm além, naquelas
negras nuvens;
Estão naquela terra ressequida e
abandonada;
Estão nas fábricas em ruína,
decrépitas;
Está neste Mundo poluído e
ensanguentado,
na Dor da miséria e no abandono
humano.
(- Quantos vós vão sonhando,
camuflando as realidades
vividas!)
DAS SINGELAS FLORES,
deixamos nos seres o pólen das carícias;
Nos corações que nos esperavam,
deixamos o fecundo amor
florescido;
Nas almas que encontramos,
deixamos o espírito que
transportamos.
As noites eram aconchego, abrigo
das ansiosas vozes desejadas...
Preludio de irmanada amizade,
semente cultivada para quanta
felicidade!
Nos novos dias iluminados, eis o fruto
colhido
nos olhares e abraços encontrados
de quantos desejos nocturnais.
Foi nuvem que correu,
nela seguimos,
vivemos,
amamos...
Foi nuvem que pousava,
fecundava
em cada coração,
desejosa união...
Foi água nascida que correu de
quantos sonhos
iluminados por quantas Estrelas
dessas noites...
Foi colheita de quantas flores de
amizade
que floresceram, depois durante
os dias...
Agora, percorremos a solidão
e o que vemos no chão,
são pegadas de saudade de quanta
amizade!
(... só falta dar de beber à
raiz,
para que a Arvore renasça e floresça feliz!)
Valdemar Muge
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