O
mês de Agosto decai sonolento com o calor do
verão.
A
sombra apetecida, formada pelos noviços ramos das árvores, fazia aconchegar a
Rosa, colhendo alguns dos apetitosos frutos da sua figueira, para convívio com
suas duas filhas, porque sabia como deles, elas gostavam.
Poucas
casas eram da rua da Rosa, que não tinham a sua figueira e todos primavam para
ter a de melhor qualidade.
Será
a razão por aquela rua, das mais antigas daquela povoação, se
chamar das Figueiras? Talvez.
Rua
Direita das Figueiras, que nasce a norte de Ovar, abraça quantas e aconchega
sua gente que a acarinha e lhe quer.
Repousa
enfim, ajoelhada ao cruzeiro que a seus pés se ergue em fraternal afecto.
Era
por ti que entravam quando vinham do norte, os primeiros povos para tuas terras
cultivar;
Por
ti, chegavam os titulares, senhores de terras que as iam recebendo por feitos
ou benefícios prestados;
Por
ti desciam e subiam os velhos pescadores, quando ao som da buzina, do alto do
calhau, a ouviam… para pró-mar os chamavam para sua faina em dia de trabalho.
Tuas
casas de portas e janelas de talhada cantaria, perduram, guarnecidas com teus
tão característicos azulejos e como ainda sobrevivem…
Tinhas
também a saudosa capelinha de São Lourenço, onde a nossa Rosa ia com suas
filhas visitar a imagem de Santa Luzia, pois perto lhes ficava, em saudosa
romagem por que seu marido e filhos, bem longe das águas deste mar que esta
terra afaga, lá trabalhavam.
Daqui
também começou a crescer este povo da beira-mar, gente que o mar ia abraçar na
dura luta de trabalho.
Daqui
também começou a nascer as lindas raparigas e rapazes que com a sua alegria e
graciosidade, aspergindo por outras terras o encanto que daqui levavam, com o
pregão da Varina, cantavam.
Foram
vós ó figueiras, árvores de frutos apetecidos, que viram e deram o seu nome à
então saudosa Rua das Figueiras, mas hoje, frutos desses já não os tens, apenas
as flores que as Rosas de então, em tempos brotaram, hoje se vão desabrochando na
actual Rua Dr. José Falcão, flores que desta terra sempre serão.
Valdemar
Muge
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